Wednesday 29 August 2012

funil.

não assimilo mais absolutamente nada
rostos, nomes, fotos, jeitos, sexo, cores, gritos e terrores
nada é claro, nada é mastigado e validado
apenas engulo o que me aparece
e sinto que começarei a vomitar tudo isso
não mais entrará, nem sequer de maneira caótica e ácida.
simplesmente será negado, regurgitado.
o que dessa antropofagia com meu ser restar,
o que disso restar, é o que realmente me vale a pena,
me vale a calma,
me vale a alma.
no fatídico dia, na porta de buraco onde eu morria aos poucos,
havia uma frase arrebentada.
canetinha vermelha, completamente desbotada:
NADA QUE VALHA TANTO.


Saturday 18 August 2012

meu amigo sergio mello é um filho da puta. suas poesias são lindas demais para se aguentar:

intimação

bastam os olhos alheios
se fecharem feito garagens
o cheiro do silêncio
vestir-se de instante
pra que eu me transforme
no contorcionista do pavor
tenho um bichinho de estimação
chamado Tristeza
e todos os dias escovo seus pêlos crespos
e o alimento
com pão
lágrimas
e insanidade

_sergio mello

Thursday 9 August 2012

"We all live in a house of fire.
No fire department to call.
No way out.
Just the upstairs window to look out of while the fire burns the house down...
with us trapped,
locked in it."



Sunday 5 August 2012

magia.

me mostre sua foto sem filtros.
sem fingir que você é o que você NÃO é.
sem fingir estar com quem você não está.
sem fingir sentir o que você não sente.
sem corte.
sem edição.
sem brilho.
sem mágica.
pois a mágica já é você, SER, SENDO.
por inteiro e por completo.
rindo ou chorando.
você, que se basta
por
SI.
SÓ.