Thursday 28 August 2008

Marião

Amem ou odeiem, o cara é meu amigo e eu amo. E basta. Mais um poema do blog dele (http://atirenodramaturgo.zip.net) com a facada e a torcidinha depois, como diz um outro amigo meu:


ENQUANTO ELA RANGE OS DENTES

EU ESPERO OS FANTASMAS


Os fantasmas bebem comigo quando a lua vem

Eu abro a minha porta todas as noites

Eles aparecem e se apropriam das poltronas

coçam meus pés e bebem meu vinho

Não falam da vida os fantasmas

nem comentam as fotos que guardei

Eu me sinto bem com os fantasmas

Eles apenas gostam de ficar por alí

assoprando nas orelhas do cachorro

o cachorro se acostumou com os fantasmas

já não tira os chinelos das poltronas

percebeu o quanto os fantasmas são

importantes pra mim e o cachorro também

não quer me ver triste e eu sei que de

uns tempos pra cá o cachorro também ficou

dependente deles pois uiva de dia enquanto

eu leio Frost no telhado

o dia passou a ter 72 horas

o dia passou a ter grossos livros de poesia

o dia passou a ter Whitman, Thoreau e Bashô

o dia agora é um osso esquecido no assoalho

o dia agora é uma longa espera da noite

que é quando os fantasmas aparecem

Eu espero já sem muita paciência

não há nenhuma suavidade ou delicadeza em meus gestos

os fantasmas são a melhor companhia pra

quem descobriu que está realmente sozinho.


(Mário Bortolotto)

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