Sunday, 11 January 2009

buenos

- Mas Isabela, honey, o que eu estou tentando te dizer, ainda com um pouco de paciência que me resta, é que o problema é que a Lina não nasceu numa família disfuncional, fazer o quê? Ela simplesmente não nasceu numa família assim, oras!
- Tá. Então de onde vem tanta loucura, tanta rebeldia?
- Eu não sei, querida. É fato que a família dela tem alguns tios, sei lá, algumas pessoas BEM loucas, com atitudes bem incoerentes. Os pais da Lina são uns amores, grandes seres humanos, mas também dão uma pirada às vezes né, convenhamos. E a Lina fala de histórias tão complicadas quanto as de uma família disfuncional, mas...
- Eduarda, você pode parar de falar a palavra "disfuncional"? Por que você não fala "louca"? Já reparou na sua mania de tentar amenizar tudo, até as palavras?
- Bom, então. A Lina conta coisas que começaram a acontecer de uns tempos pra cá. Mas nada que uns barracos e umas terapias não resolvam lá na família dela.
- Então! É isso que tô dizendo: por que a Lina é TÃO rebelde assim, tão difícil?... eita mulherzinha complicada, gente. Se a Lina tivesse um pai que abandonou a mãe quando ela era pequena, a mãe fosse uma alcóolatra maluca que desse shows em grande escala pelos bares da cidade, o irmão vendesse drogas pros playboizinhos da Oscar Freire e etc. e tal e todo esse filminho que a gente vê que os caras usam pra justificar quem são sem conseguir, na verdade, ASSUMIR quem são...
- Isa, o que estou tentando te dizer é que você não precisa necessariamente ter nascido numa família disfuncional para ser problemática, got it? A Lina é assim, do fundo do ser dela, da alma dela, whatever.
- Desculpa, oi?!
- Oi o quê?
- O que você disse?
- Whatever?
- É. Que porra é essa, Eduarda?!
- Isa, você acaba comigo. Sério. Você...
- Eu sei o que é "whatever" Eduarda! Mas você já reparou na sua mania de falar palavras em inglês no meio das frases, sempre que pode?
- Bom, então. O fato é que a Lina não veio de uma família disfuncional. É realmente uma coisa intrigante essa tendência dela de ser do contra, de ser revoltadinha, de ser doída, como se o mundo fosse uma guerra eterna e ela precisasse estar sempre armada pra luta.
- É muita loucuragem, mulher. Mas ela tá bem, sabia? Ontem a gente saiu e ela tava bem tranquila.
- Claro. A Lina é uma fofa quando quer, a menina mais fofa do mundo. Ela foi bem educada, é bem educada. ... até que provoquem nela o contrário.
- Aquela velha história: a gente tenta ser legal. Mas as pessoas não colaboram sabe, aí não tem jeito... só de ontem pra hoje já passou pela minha frente umas 4 pessoas que eu daria um soco muito punk no meio da cara. Eduarda, como tem GENTE-MUITO-LOUCA por aí.
- Pois é. Extremamente disfuncional.

1 comment:

  1. Tem que virar livro de poesia/crônica/poesia, isso tudo.
    Não seria nada disfuncional, hein?

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