Saturday, 30 June 2007

Welcome to party

Seus patins de quatro rodas rolerbleiam pelo piso de tábua larga.
Ela roda e rebola como uma puta deve fazer em dias inspirados de dança em cima do balcão de pontas douradas.
Patina pela tábua e aponta para o mais indefeso dos seres; aquele que provavelmente está com um copo na mão e um sorriso na cara.
Aponta a ponta. Dedos em riste. Olhar perturbador. Lábios pra fora. Dá meia volta com os patins-fetiche. Sua brisa demarca o território. Abandono.
Ela corre atrás da fumaça, mãos e escuros.
Grande pausa para a respiração.
"Your daddy’s rich...", seduz a música. Alguém sussurra em seus ouvidos que "tudo mesmo, que vale a pena ser vivido, acontece, à noite."
Patins flutuantes, rodas pelos ares. Agora é que a festa vai começar.
Get a life. And ring the bells.

Wednesday, 20 June 2007

Relances de uma noite mal dormida

Ela olha as luzinhas de natal em volta da cabine do Dj. Não está com vontade de fazer sexo com a pista hoje. Quer olhar e tocar. A luz de neón vermelha que invade o quadro e seus dedinhos dedilhando a luz de cima pra baixo. Só olhar e tocar.
A freirinha aparece dentro de um vidro cheio de água, daqueles que vc. compra o Nova York, balança e sai neve. A freirinha está ali, dentro de uma grande vitrine, misturada às cores, luzes, sons e pessoas. E ela continua a querer só olhar e tocar.
Pena. A freirinha está enclausurada.
E de batom vermelho. Bem vermelho.

Tuesday, 19 June 2007

Palco

Eu nasci para ficar no palco
com luzes tão fortes, capazes de me cegar de tanta dor
Eu nasci para ficar sozinha
e viver sentimentos que não são meus
Pois os meus são demasiadamente desesperadores,
angustiantes, sólidos, frios
Eu nasci para viver o outro
e sofrer o outro
e sorrir o outro
e com isso
achar uma luz para o meu próprio eu
No outro
Eu no outro
eu.
Soe uma luz tão forte, mas tão forte, que consiga, cega,
me levar para onde devo ir
Para o palco da vida
da vida dos outros,
vivida tão viva por mim
Meu corpo vai agüentar
Minha mente vai entender
Você ai, despeje-se sobre mim
estou aqui para te ter.

Friday, 15 June 2007

Ao léu

Hoje eu vou sair por aí,
sem ninguém me encontrar.
Sem sentir.
Escrevo frases desconexas e desesperadas em pedaços de papel.
Vi num filme, boa idéia: escrever e jogar fora.
Num lixo, queimado numa bituca de cigarro,
ao vento, ao léu.
Palavras ao léu, atiradas como flechas.
Sabe-se lá quem vão atingir.
Mas sempre atinge alguém, sempre.
E quando atinge, dói. Ou não.
Hoje vou sair por aí,
ver as luzes da cidade e não parar de olhar
até que fiquem tortas e angustiantemente lindas.
Luzes drogadas, atiradas, como minha alma.
Perplexa como uma criança de 2 anos de idade...
que só descobre agora como o mundo é feio. E triste.
Uma criança drogada.
Hoje vou sair por aí. Sem sentir.

Thursday, 14 June 2007

Pitaco

É. Ahã. Vai lá.
Por aqui fico eu, o copo e o céu de estrelas a me sussurrar:
"ei... psiiiiiu... abra os seus olhos.
Pode soltar a respiração.
Agora está tudo em paz."

Tuesday, 12 June 2007

Celebração ao buraco

Vamos todos ao buraco
Brincar de diabinhos mágicos
com purpurina guardada nos bolsos
Vamos todos nos jogar
Na lama e caos da falsidade
Dos sorrisos de plástico
Da maquiagem em excesso
Vamos todos ao buraco
Fingir que somos felizes
Enquanto ele nos engole por inteiro
O buraco é que tem razão
Seres estúpidos
Temos espelhos por todos os lados
Olhem bem
Este buraco são vocês
Tim-tim.

Baile do voltar

Deixe tudo como está.
Pare. Pense. Respire.
Começa de novo.
O baile do voltar. O baile do viver.
E cada um dando seu rodopio, voltando, voltando, voltando.
Não temos tempo a perder
Não temos nada.
Só a sede do tudo que o caminho, este sim,
importa e oferece.
O tudo do nada.
O resto é piada para dar risada.
Faz de novo. Começa outra vez
Pare. Pense. Respire. Vai.
Agora é que vai ficar bom
Quando o foda-se ligar e você bailar.
Baila com os outros e baila consigo mesmo.
Assim, viva.
Que esta dança seja bela, intensa e extasiante.
Quero de verdade dançar
O baile do voltar.