Saturday, 30 August 2008
- próxima estação (...) paraíso.
passar por debaixo das lentes dos óculos escuros
que agora ela usa sempre. - o - dia - inteiro -
Sentado. Bermuda, olhos verdes e uma mochila nas costas.
É bonito, não sei (...) é, é sim.
Tá tudo bem?
Puta merda, é bonito sim. Só agora ela repara.
Tá, brigada.
Mesmo? (toca de leve em seus braços) Quer conversar?
Os olhos verdes, de repente, ficam enormes, eles ficam realmente enooormes.
ela se perde completamente por dentro deles e do que ouviu.
Não, tá tudo bem (...) brigada.
Trem pára.
(...) Tchau (...) brigada.
(...) Tchau (...)
Óculos escuros, favor entrar no vagão 1.
Olhos verdes, vagão 2, por favor.
Trem pára.
Vagão 1, vagão 2. Vagão 1 (...)
Sobe as escadas. está incrivelmente mais calma.
Olha para trás (...)
é. vagão 1.
caos
dos pés até o fio de cabelo.
no livro que leio,
no filme que vejo,
no jornal que folheio,
nas frases que ouço,
nos muros que passo,
nos olhos de tempestade
do menino que fala comigo,
no grito do vocalista do show,
no meu corpo quando dança
que parece querer se golpear
como se estivesse lutando
consigo mesma.
68 explode em mim
como se me dissesse
baixinho,
provocando,
irritantemente,
diariamente,
bem dentro dos meus ouvidos:
vai,
vai,
vai caralho!
Thursday, 28 August 2008
Marião
Amem ou odeiem, o cara é meu amigo e eu amo. E basta. Mais um poema do blog dele (http://atirenodramaturgo.zip.net) com a facada e a torcidinha depois, como diz um outro amigo meu:
ENQUANTO ELA RANGE OS DENTES
EU ESPERO OS FANTASMAS
Eu abro a minha porta todas as noites
Eles aparecem e se apropriam das poltronas
coçam meus pés e bebem meu vinho
Não falam da vida os fantasmas
nem comentam as fotos que guardei
Eu me sinto bem com os fantasmas
Eles apenas gostam de ficar por alí
assoprando nas orelhas do cachorro
o cachorro se acostumou com os fantasmas
já não tira os chinelos das poltronas
percebeu o quanto os fantasmas são
importantes pra mim e o cachorro também
não quer me ver triste e eu sei que de
uns tempos pra cá o cachorro também ficou
dependente deles pois uiva de dia enquanto
eu leio Frost no telhado
o dia passou a ter 72 horas
o dia passou a ter grossos livros de poesia
o dia passou a ter Whitman, Thoreau e Bashô
o dia agora é um osso esquecido no assoalho
o dia agora é uma longa espera da noite
que é quando os fantasmas aparecem
Eu espero já sem muita paciência
não há nenhuma suavidade ou delicadeza em meus gestos
os fantasmas são a melhor companhia pra
quem descobriu que está realmente sozinho.
Monday, 25 August 2008
perfume de madeira
menina com fita no cabelo
sentiu um perfume familiar.
Era realmente ele!
Hoje ela vai comprar
o perfume que usava
quando ainda tinha fé
nas coisas e nas pessoas.
Precisa lembrar do cheiro....
Sunday, 17 August 2008
un día que es la ostia
(PRINCESAS)
Monday, 11 August 2008
domingo . 3h06 . sofá quentinho
- Por que não?
- Porque estou pensando em beijar você.
- Está bem. Bom saber disso. Bom mesmo.
(THE HOTTEST STATE)
domingo . 2h57 . sofá quentinho
**
É decepcionante que a sua melhor qualidade seja fingir ser alguém.
**
Você não acha estranho que, quando somos crianças, todos falam para irmos atrás de nossos sonhos mas, quando crescemos, ficam ofendidos só por tentarmos?
(THE HOTTEST STATE)
Friday, 1 August 2008
Look at us but do not touch.
E eu disse pra ele: “Pessoas deste signo são pessoas geniosas.” Depois disso veio o cair da noite de loucura e um certo companheirismo. E sexo. Suor, olho no olho, prazer. Tudo ao mesmo tempo agora. E eu sempre digo mil coisas pra ele. Mas no fundo adoro dizer “Vou ali dançar tá. E viver a vida. E quero que vc. fique ali sentado, me olhando. Querendo beijar minha boca e me agarrar pela bunda e entender como sou sexy pra vc., dentro de um club barato, com pessoas vazias, que estão ali à procura de alguma coisa que não sabem bem o que é.” E perceber que eu não preciso disso, nem vc. Somos apenas corpo e mente querendo ter experiências diferentes. Porque nosso coração grita, pulsa, vive a mil. E então deitamos na cama brega-chique redonda e branca e eu gozo com vc. dentro de mim. E ficamos ali por uma eternidade. Está tudo escuro, penumbra, aura de sexo e nós ali, sem sair para lugar nenhum. Tudo que importa agora é a respiração. Eu dançando em volta daquele mastro dourado, abrindo e fechando as pernas. Pulo na sua frente e estalo um beijo na sua boca. Vem comigo, eu vou te mostrar um caminho diferente. E vc. goza deitando nos meus braços e descansando como uma criança de colo. “Será que vai ser bom?”. Putas, mulheres, loucas, velhos, homens, luzes vermelhas e mastros dourados. E nós ali, sabe-se lá por quê. Pra quê. Porque nos entendemos e sabemos que precisamos nos sentir vivos, pelo menos por uma noite. E vamos até o limite, para justamente descobrir juntos qual ele é. E transamos loucamente de pé, num quartinho de porta quebrada. Não deixa ninguem entrar, não. Agora somos só nós dois; corpos se entendendo. Deixa os outros olharem e terem vontade de entrar ali. Não, não pode. Só nós. Porque nos completamos e eu adoro dançar pra vc. e sorrir o sorriso mais lindo do mundo. Um casal lindamente louco, sexy e inteligente, perdidos, perigo, pedindo, procurando encrenca. Não… senhor, senhora, menino, menina… vcs. não podem entrar. Só olhar. Espiar. Coloque suas mãos na boca e diga 'Oh!'. Olhar e respiração, só isso. Não precisamos de mais nada. Ela dentro de vc. e vc. dentro dela. Apague a luz e tchau resto do mundo. E eu disse pra ele: “Não tô estranha não. Só tô observando.” E vc. falou: “Está tudo bem com vc.? Está se sentindo bem? Só nós dois mesmo.” É. Eu preciso estar bem porque vamos ao limite. E vc. tem que estar atrás para me segurar, quando eu me jogar sem dó. E eu disse pra ele: “Vou ali dançar tá”. E ela dorme gozando porque vc. a segurou.